terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Olhos verdes


Aviso 1: Primeira vez que escrevo no blog, é capaz de correr mal


Aviso 2: História um bocado lamechas e sem muito interesse


Aviso 3: Sou de Ciências (como se viu por esta enumeração de avisos) logo escrevo um pouco mal, vá sejamos sinceros muito mal


Se após estes avisos ainda continuas a ler é porque és alguém extremamente bondoso ou então extremamente estúpido, mas aposto mais na segunda, passemos então à pseudo-história.

Muitas vezes dizem-me  que nunca mas nunca seremos um grupo tão bom como a geração anterior, mega unidos, sempre a combinar jantares, saídas, viagens, concertos, tudo..... Apesar de saber que isso até pode ser verdade, magoa-me sempre que o oiço, e nunca sei exactamente porquê.... Acho que se deve ao facto de não acreditar nisso. Já passei oito anos(isto é sempre mais terrível quando se escreve) naquela casa e considero que tenho lá um grupo de grandes amigos que me ficarão para sempre, e sobre os quais terei  sempre infinitas histórias para contar.


Uma delas ocorreu num sábado de audições típico do gregoriano….

Primeiro dia de férias, e levanta-se uma pessoa cedo de manhã para ver a audição de Conduto, a Grande e a primeira coisa que lhe aparece à frente são os Putos (ao bom modo de dizer Tózeiano). Putos que nos lembram como já fomos e como tocávamos, subentenda-se Mal!!!. Tão mal, que uma flautista (Bárbara-só para se perceber bem) ,que gastava melhor o seu tempo a ler um livro da Estrela do Mar enquanto eles tocavam, se virou para mim e disse:


- Eles estão a tocar um pouco mal, não???


Eu confirmei, desesperada. Apenas queria que chegasse a vez da Mariana. A minha mente dizia “vá faltam 3, …faltam 2, falta 1” e lá chegou: muito melodiosa naquilo que fazia e extremamente límpida em todas as peças. De seguida, foi o Pedro. Estilo totalmente diferente, mais viril, mais forte, mas principalmente com muito Power. Por fim foi a vez da Conduto, a Grande, e eu que também tocava aquele Estudo achei que foi espectacular, muito puro e muito simples. O único problema, que eu na realidade não considerei nada de nada importante, foi um engano no final. Mas esse engano que não era nem quedo e nem ledo, pôs a minha querida Inês num grande pranto.


No final juntámo-nos todos numa rodinha a defender quem teria tocado melhor:

-Tocaram todos muito bem- disse a Mafalda, sempre super sweet


- Concordo plenamente, mas gostei imenso de te ouvir a ti, Mariana- disse a flautista super- entendida, Bárbara


- Oh… Muito Obrigada!...-respondeu a Mariana

- Vocês são todos os prós, meus… Acho que agora por vos ouvir, merecia que viessem comigo fumar um cigarrinho- disse o Nery com o seu ar mega convencido da vida.


Eu ignorando por completo tal comentário virei-me para o Pedro e disse (mesmo má):


-Gostei imenso de te ouvir, mas achei que estava com pouco contrastes…


-Pois - respondeu-me ele com um ar super cansado…


- Não lhe ligues. Tocaste mesmo bem. Foi memo fixe - disse um rapaz que já tinha visto a vaguear no gregoriano, mas que desconhecia por completo, do qual se destacavam os olhos (verdes como nunca tinha visto, não como Vasco(verdes escuros e calmos), mas sim extremamente claros, puros e cheios de música dentro deles).


No meio disto tudo, a Maria, só se ria, não sei muito bem porquê, mas lembro-me do som das gargalhadas esplêndidas dela. Mal uma pessoa as ouve já sabe que a Maria está no Gregoriano.


Decidi sair dali, dando a desculpa que ia ver da Inês, mas na realidade não tinha gostado nada daquele desprezo pelo meu comentário do rapaz de olhos verdes.


Encontrei-a lavada em lágrimas na porta da casa de banho e tentei acalmá-la mesmo sabendo que seria impossível:


- Inês, não fiques assim…. Tocaste super bem. Gostei imenso de te ouvir.


- Não foi nada, foi horrível… Estava tudo tão bem em casa. Não sei o que se passou. O que é que eu vou fazer Laura? Eu quero fazer disto a minha vida e nem sou capaz de aguentar uma audição.


Não sabia como responder. As audições podem ser das coisas mais frustrantes da vida: uma pessoa esforça-se durante um período inteiro, trabalha em casa durante horas, “faz das tripas, coração” e aparenta estar tudo perfeito. Mas, quando chega o momento, os nervos apoderam-se das mãos e podem destruir uma grande parte do trabalho efectuado.


- Tem calma Inês… Vai correr tudo …. Tu já sabes como isto é, às vezes corre mal, mas a maioria das vezes corre bem. Ainda vais ter imenso tempo para trabalhar e tenho absoluta certeza que vais conseguir, não te preocupes antecipadamente…. Vá, agora vamos ao Caravela para podermos afogar as mágoas em comida.


Ela acalmou-se um pouco apesar de ainda não estar totalmente bem. Eu sabia que estava diante de uma das melhores pianistas do gregoriano, como se veio a comprovar mais tarde pela sua entrada na superior em Évora.


Quando chegámos lá, o grupo era menor. A Mafalda e a Mariana já se tinham ido embora com os pais e a Inês pediu só um bolo de arroz e saiu muito rapidamente. Eu bem que queria pedir a minha típica bolinha mista prensada, mas ninguém me deixou…. Saímos a correr em direcção ao metro, tudo porque a Maria se ia encontrar com uns amigos à uma da tarde.


O Pedro abandonou-nos mal saiu do café para apanhar o comboio. O grupo ficou menor. Já só restava eu, o Nery, a Bárbara (para cuja casa eu me tinha autoconvidado, como sempre) , a Maria e o Rapaz dos Olhos Verdes:


- Achas bem estares-te a autoconvidar para casa do Bárbara ?- disse o Nery com o seu sorriso característico de quem está a tentar arranjar confusão espalhando um boato.


- Claro que sim, a Bárbara faz o mesmo. Tem que existir uma certa reciprocricidade, não é Bárbara?- respondi eu.


- Pois, pois Laura, já sabemos, não é? Laura e autoconvites têm uma boa relação.- respondeu-me a Bárbara.


- Não tão boa como a minha relação com o EVP. Uma relação muito madura, cheia de amor….. e principalmente ÓDIO.- disse eu.


E com isto a Maria partiu-se a rir às gargalhadas. Riu tão alto como nunca ouvira, de tal forma que eu própria me ria do riso dela. Parecíamos duas loucas pela rua, como sempre. Até que na famosa esquina do Penhalta Novias, o Mr. Rapaz de Olhos Verdes que se encontrava a falar com a Bárbara e com o Nery, se virou para a Maria e disse, claramente a rir-se também:


- És mesmo estranha Maria… A ríres-te aí como nunca vi,….


- Oh!... Achas-me mesmo estranha é, só por me rir?


- Sim, e porque falas de uma forma estranha… e porque és a Maria.


Foi então que….eu não sei porque ironia do destino, não sei porque carga de água, não sei, não sei… Penso que houve uma voz que me dizia: “Por amor de Deus, Laura diz-lhe!”,…acho que foi mesmo Deus que me mandou um raio e que fez com que eu dissesse aquilo a um completo desconhecido, em frente à grande montra da Lanidor:

- Tu é que és estranho!


Esta minha afirmação dita como se de um dogma se tratasse e simultaneamente feita aos risos como se estivesse a brincar, teve um efeito no meu ouvinte que eu nunca esperaria:


- O quê?!!!!! Tu não me conheces de lado nenhum e estás-me a dizer isso? Tu é que és totalmente estranha por estares a dizer isso a uma pessoa que nem sequer conheces! Devias ter mais respeito pelas pessoas!- vociferou-me ele.


- Tu é que és estranho!- dizia eu ainda a rir-me.


- Não, tu é que és! Tu de certeza que não és normal!!!!


Continuámos nesta gigajoga até ao momento em que chegámos à estação do metro e o Nery foi-se embora para casa, rindo de toda aquela discussão. O grupo ficou menor.


Entrámos no metro e eu já me tinha esquecido por completo da discussão, mas ele não. A Maria e a Bárbara sentaram-se ao pé da janela, e eu fiquei exactamente na frente do rapaz. A Maria saiu logo na estação seguinte e o grupo ficou menor. Nesses momentos, ria-me largamente com a Bárbara enquanto falávamos sobre o ballet, no entanto não conseguia deixar de sentir o peso do olhar dele.


Aquele olhar que antes era tão límpido, tão puro e tão feliz, agora estava verde escuro muito pesado, triste e cheio de ódio, repugnância e desprezo contra mim. Um ódio justificado que me incomodava, cortando e triturando o meu coração. O rapaz saiu na estação seguinte, para não ter que aturar mais a minha companhia- algo que descobri perante o ar de surpresa da Bárbara que me disse que ele vivia ao pé dela. O grupo ficou menor e restava apenas a Bárbara e eu, com um certo sentimento de culpa perante aquele olhar.


No entanto, quem diria que um dia, o grupo ficaria menor, mas apenas restaria eu e ele? Quem diria que um dia, eu me autoconvidaria para casa dele? Quem diria que um dia, aquele mesmo olhar dilacerante se viraria para mim e perguntaria, como quem pede um café: “Queres namorar comigo?”

LJS

domingo, 27 de janeiro de 2013

Sabes que...

... estudas História da Música quando, ao fazerem publicidade ao Vinho «Monte Velho», tu estranhas por ter ouvido "Vinho Monteverdi"...
 

Concerto do Coro Gregoriano de Lisboa

Liturgia da Apresentação do Senhor


Como é habitual nesta altura do ano, o Coro Gregoriano de Lisboa realiza um concerto dedicado à Liturgia da Apresentação do Senhor, na Sé Patriarcal de Lisboa e com Procissão de Velas. Para aproveitar e disfrutar... é entrada livre!!

2 de Fevereiro - Liturgia da Apresentação do Senhor

02 de Fevereiro de 2013 (Domingo)
Sé Patriarcal de Lisboa
21h30
Entrada Livre!