sábado, 28 de fevereiro de 2009

"We are each other's keepers"

Fecho o pc portátil nos joelhos. Esfrego os olhos de cansaço ao mesmo tempo que me rio para dentro enquanto me lembro das figuras tristes que fazemos nas fotos que acabei de passar para o computador... 'Só esta gente para me fazer usar um barrete de Pai Natal em plena Baixa Lisboeta a meio de Fevereiro!', penso enquanto me levanto para desentorpecer as pernas.

Já de pé, varro o quarto com os olhos. A Bayley e a Rita tinham chegado da sua volta nocturna há pouco ('O que é que esta gente anda a fazer a vaguear nos corredores a estas horas? Tsc tsc...', tinha eu comentado com uma careta quando as vi entrar no quarto) mas já ambas suspiravam, cada uma no sono, qual delas a mais barulhenta.

Reparando que a cama da Laura estava vazia, reprimo um suspiro meio irritado por sentir que não conseguia tomar bem conta dela nestas alturas em que ela teima em pensar que é capaz de fazer tudo sozinha. 'Além disso, estava mesmo numa de rever a 6ª de Friends esta noite!', acrescento para mim própria com um meio sorriso.

Não tinha sono. Resolvi ir dar um passeio pelos corredores, talvez ainda alguém estivesse acordado. Claro que no piso dos rapazes tropeço nuns ténis deixados ao acaso no chão. '*+#%&, e ainda mais isto e mais isto e mais isto para os putos!!'. Reprimindo ainda mais uns quantos palavrões, tento levantar-me do chão o mais silenciosamente possível, enquanto decido nesse momento ir apanhar um bocado de ar à varanda.

'Mental note: amanhã dar um calduço ao puto Bruno pela tentativa de homicídio à minha pessoa!' Ao olhar para trás, tinha reconhecido os ténis All Star nº36 com chamas de lado.

Chego à sala 28 e pouso a mão na maçaneta da portada que dá acesso à varanda. Mal faço o movimento de a abrir, um som ensurdecedor ouve-se de repente por todo o lado. Tenho de repente um flashback que envolve pessoas a saltar de janelas e uns estores brancos estragados.
'Merd*... Não acredito que me esqueci do novo alarme de segurança que o EVP instalou!!'

Atravesso a sala a correr e quase me espeto contra a parede enquanto abro à pressa a tampa do alarme. Só preciso do código para fazer calar aquela barulheira. 'Não acredito... Era a data de nascimento da Dona Almerinda, como é que eu não me lembro?!?"
Dois eternos segundos de indecisão depois lá me lembro dos quatro dígitos ('Se a Dona Almerinda sonha disto, mata-me!') e segundos depois de os inserir no teclado do alarme apercebo-me com um suspiro de que o que se ouve agora é apenas aquele zumbido na minha cabeça.

'Man... Espero que esta gente tenha toda um sono muuuiiito pesado...' Rio-me para dentro sabendo que não é verdade, pois lembrava-me de um episódio caricato deste género ocorrido na viagem à Escócia.

Abro finalmente a portada da varanda de par em par e uma brisa de ar fresco bate-me na cara.

'Bem, só falta mesmo estares toda vestida de branco para poderes gritar "Aqui vou ser feliz!!", como no anúncio... Eheheh...' Olho para trás, à procura da fonte desta voz masculina que me é tão familiar. O Francisco devolve-me o olhar do outro lado da sala, ensonado.

'Oh pá desculpa, acordei-te com aquela chinfrineira toda?', pergunto-lhe com um ar aflito.

'Não, mas pensei que era o circo a chegar à cidade...'

Sorrio, reconfortada. O IGL não seria o IGL se eu não chegasse atrasada a 70% das aulas de ATC, e se o Francisco não tivesse sempre uma piada para dizer.

Aproximando-se de mim e da varanda, continua: 'Passei agora na sala de alunos, tive de ir à casa de banho. Trouxe-te o teu maço de tabaco, deixaste-o em cima da mesa... Já sabes que isso não é nada fixe para os putos, olha os exemplos...'
Sorrio, envergonhada. Realmente é um erro crasso, não posso esquecer-me da próxima vez.

Enquanto me estende o maço, o Francisco olha para mim com aquele seu sorriso malandro e acrescenta: 'E olha o que eu também descobri...' E de trás das costas tira duas sandes de Nutella ('do Pingo Doce', presumi rapidamente) com um aspecto divinal. 'Eram para a Laura, acho eu, mas... Pá, eu tava com fome, e ir até ao bar... Nah!'

O meu sorriso abre-se ainda mais. Enquanto nos sentamos no chão da varanda e pegamos cada um na sua sandes, olho para ele com um ar meio-reprovador-meio-brincalhão: 'Mas amanhã de manhãzinha acordamos mais cedo para fazer outras para a Laura!' Ele confirma com um aceno de cabeça e um sorriso, os dentes já cobertos de chocolate.

Enquanto mastigamos calmamente, não consigo deixar de pensar no que esta gente, este sítio, estas pessoas e toda esta música fizeram por mim ao longo da última metade da minha vida... 'Não seria, sem dúvida, metade da pessoa que sou se a minha querida mãezinha não me tivesse obrigado a continuar aqui quando eu quis desistir no 3º ou 4º grau', penso.
"Ainda me vais agradecer um dia...", tinha-me ela dito nessa altura... Realmente, não podia estar mais de acordo.

Lembrando-me de repente, olho para o relógio, já passa da meia noite há seculos! Estupidamente dou uma cotovelada no braço do Francisco, dando-me a mim própria mais uns segundos para engolir aquela última dentada.

'Hey... Já é dia 1, parabéns!!' O sorriso e o olhar de gratidão dele naquele momento valem o mundo, penso enquanto lhe dou um enorme abraço.

'Sabes', diz-me ele, ligeiramente emocionado enquanto se encosta de novo à parede, 'teoricamente temos uma vida inteira à nossa frente, não é? Mas são momentos como estes que a fazem valer a pena...' Mais uma vez, não podia estar mais de acordo.

Imperturbáveis.

Ajeitei a manta por cima dos ombros. A sala 32 sempre foi das mais frias de noite, especialmente desde que o aquecedor estava estragado. Mas não conseguiria ir dormir, não sem antes acabar de analisar aquela pilha de partituras. Queria encontrar algo perfeito para tocar no EDD, tarefa que se estava a revelar difícil, pois coisas escritas para a nossa formação... só mesmo o senhor Moitinho de Almeida é que compõe.

Tive então uma ideia. Um pouco maquievélica e ilegal, talvez, mas isso só me incentivou a fazê-la. Saí da sala, sem conseguir deixar de olhar para a lista de tarefas, que me condenava a lavar a loiça no dia a seguir. Desci as escadas, tentando fazer o mínimo de ruído possível, tirei o molho de chaves da gaveta da dona Dina e entrei sorrateiramente na biblioteca.
Silêncio. Paraíso. A biblioteca submersa na escuridão, iluminada apenas pela luz do meu telemóvel. Há que ser discreta...
Dirigi-me para a secção mais afastada, música antiga. Nunca tinha oportunidade de a observar livremente, longe do olhar crítico do Sr.Viana. Rapidamente encontrei dois livros de madrigais de Monteverdi e de Luzzaschi...Perfeito!
Peguei neles, tendo o cuidado de memorizar exactamente onde estavam, para os por no sítio antes de amanhecer. Voltei à 32, e no momento em que ia fechar a porta, ouvi um barulho vindo do bar. Fiquei à escuta, a pensar o que andaria alguém a fazer àquela hora da noite: o barulho de um plástico a ser aberto, o som metálico de talheres a chocar, uma tampa a desenroscar-se...a sequência já bem minha conhecida da sonoridade da concepção de um pão com Nutella (ou melhor, com Choco Kid do Pingo Doce).
'Alberto, Alberto', pensei, abanando a cabeça. Mas depois, o comilão nocturno começou a trautear uma melodia, muito suavemente. Michael Jackson. 'Pronto, afinal é o André'.
André, o Vice-Presidente, possivelmente o único da velha guarda com paciência para os miúdos, o grande organista do IGL e a pessoa com mais e melhores ideias daquela escola. E também com mais energia e afinco para as por em prática.
Depois de acabar de ler no clavicórdio quase um livro inteiro de madrigais, dirigi-me ao quarto, reparando de imediato na cama vazia da Laura. Laura, a Presidente, a pessoa com uma personalidade poderosa e uma capacidade de 'get things done' inultrapassável.
Pensei, sorrindo, na sorte que o Gregoriano tinha em ter pessoas como estes dois à frente da AE. Muita sorte.

Lembrei a quase-discussão que eu e a Ana tínhamos tido com a Laura, a tentar dissuadi-la de fazer o turno de vigia.

'Eu quero fazer a vigia' tinha dito eu 'Queres me tirar o prazer de castigar um miúdo se ele fizer asneira?'

'E queres me tirar a oportunidade de adormecer a ver a 6ª season de Friends?' argumentara a Ana.

Mas não resultou, com o seu ar mais casmurro a Laura limitara-se a responder:

'Có-có'

Voltei ao tempo presente e lembrei-me de que tinha de devolver os livros ao sítio a que pertenciam, para não ser expulsa ou torturada pela direcção.
Dirigi-me à biblioteca e qual não é o meu espanto quando vejo luz passar pelo vidro fosco da porta. Hesitante, espreitei, deparando-me com o Afonso, despenteado, com o olhar vidrado no ecrã do computador, uma mão no teclado e na outra um sumo de maçã.

'Afonso! A navegar a estas horas?' perguntei, com o sobrolho ligeiramente erguido.

'Pois, aaa, coiso. Fungos' respondeu, sem desviar os olhos do computador.

Olhei para o ecrã e vi imagens de paredes nojificadas por fungos verdes. Arrumei os livros tal como estavam e fechei a prateleira à chave.

'Enfim, pessoas de Ciências. Como é que é possível...' disse, em tom de brincadeira, e saí da biblioteca.

Ao voltar para o quarto deparei-me com a Rita, que se tinha levantado para ir beber um copo de água.

'Então, Maria...levantada a estas horas?...' perguntou, com um semi-sorriso, um olhar penetrante e esfregando as mãos, imitando na perfeição a reacção da professora Elsa aos atrasos dos alunos.

Ri-me baixinho e mostrei-lhe o molho de partituras que tinha na mão. Ela percebeu de imediato e trauteámos rapidamente 'Io mi son Gio-vi-net-ta'.
Voltei para o quarto e subi o beliche. Na cama de baixo, a Filipa dormia, imperturbável.

'Imperturbáveis', pensei, sorrindo. É isso que a Música nos torna. Mesmo quando tudo parece correr mal, há sempre uma melodia que nos faz por um lado desligar da realidade e das preocupações e, por outro ter consciência daquilo para que tanto trabalhamos.

Há coisas que não se explicam.

Meia-noite.


A hora de deitar dos mais novos já tinha ido há muito, e os mais velhos preparavam-se para dormir. Depois de deixar a Bayley na 32 às voltas com o Schütz, resolvi ir preparar-me para a vigia. BOLACHAS. Não conseguia decidir, portanto assaltei a despensa do último piso, incluindo as crackers especiais da Débora. Calmamente abri a porta do quarto delas: a Eunice tinha-se esquecido de apagar a luz, como sempre e a Mafalda fez-me sinal baixinho para a apagar. Sussurrei-lhe um boa noite e voltei à minha ronda. No meu quarto, a Filipa e a Teresa riem à gargalhada, a Rita estava outra vez a falar enquanto dormia! A Ana passava fotografias da Baixa para o computador comum e mandou-me 'aquele' olhar, temos mesmo que falar amanhã. Grunhi-lhes que falassem baixo que as outras queriam dormir e saí.

Nas escadas cruzo-me com a Magui e tenho um momento nostálgico.. quando entrámos para a escola primária e dançávamos juntas as danças regionais.. Quem diria que passados todos estes anos ainda estarias na minha vida..


'Porque é que estás a olhar assim p'ra mim?'


'Annhh? Nada, nada. Vá, vou lá p'ra baixo.'


'Olha, o Jorge está outra vez a verificar os números de série dos pianos, vê se fazes qualquer coisa, que aquilo dá um estardalhaço descomunal!'


'Ok, vou-lhe atiçar o Alberto aos calcanhares.'


Sorri. É incrível como esta família gregoriana nos consegue surpreender sempre. Conhecemo-nos todos tão bem, e mesmo assim.. É uma descoberta.


Piso dos rapazes.. Pelo som constante e calmo das respirações, está tudo bem.. Excepto como sempre os ténis do miúdo Bruno, atirados no corredor.


'Faz parte da ronda arrumar os despojos dos miúdos? Não há uma equipa para isso? Não estou na equipa de babysitting esta noite!' - Pensamentos nada simpáticos que me atravessam o espírito.. Continuo a descer.


'Leit'-com-choc'lat'-com-choc'laaaaat' - a Bayley continua na 32.


De resto, tudo calmo. As lâmpadas da parede da escada estão já fracas, mas essa luz tremeluzente ainda dá um ar mais acolhedor à nossa casa. Olho lá para baixo e verifico que mais uma vez ficaram cá os guarda-chuvas do Martin e do Cristiano.. Como de costume, passo no armário dos violoncelos e conto-os. 'Pareço o Jorge..', penso, sorrindo. Ok, tudo certo.


Desço finalmente ao piso térreo. Lá atrás estão o Tiago e a Raquel a conversar baixinho, resolvo não os incomodar e começo a tornar a Sala de Alunos um espaço mais agradável: pouso as bolachas em cima da mesa e ligo a televisão, dobro as mantas em cima do cadeirão e procuro a caixa dos medicamentos na nossa caixa. 'Aaahh, o meu reino por um Benuron!!', suspiro.

Depois vou à procura do Jorge na sala 18, seguindo o som daquele Lá.


'NEEEEEEERD! Ao menos vai prá biblioteca! 1,2,3!'. Gosto sempre de citar o Tozé, nestes momentos, parece que resulta!


'Aaai! Pronto, eu estava só a ver se..'




'TU VÊS ISSO DE CINCO EM CINCO MINUTOS! NEEEERD!'


Deixo-o a fechar o piano de cauda, e volto para a Sala. A Sala. A nossa Sala, em que tanto vivemos. Ainda me lembro do dia em que decidimos, numa reunião da AE, virar a mesa no outro sentido! A melhor decisão da AEIGL! Sento-me no sofá, o Benuron começa a fazer efeito. Uma sonolência imensa.. Deito-me sobre a minha almofada preferida e começo a cantarolar a Giovinetta que por acaso está a dar no Mezzo. 'NERD!', penso. Ainda por cima da Música Antiga! A Bayley devia estar aqui.. Mas eu .. agora tenho soooo...no..


*Ploc, plim! Tink!* Entreabro os olhos, vejo uma sandes de Nutella e um copo desfocados em cima da mesa e ouço um trautear de Michael Jackson lá ao fundo do corredor.. André!.. Mas porque é que ele não está a comer?... Uaaahh.. Tenho sono, que horas são? Quatro.. Quatro fatias de Panrico.. - Levanto-me a custo e vou ver.


'Para a melhor Presidente do mundo?' ... Mas? - sorrio, devagar - se ele soubesse a ajuda que me tem dado. Há coisas que não se explicam.. uma delas é porque é que me apetece sempre chamar-lhe irmão..


Volto para o sofá, aconchegando-me nos 2 cobertores e lençol que soube que tinha sido ele a pôr. Sorrio e digo baixinho - 'Boa noite. Minha família..', e adormeço feliz. Cansada, calma e feliz.

Ocasiões

Para quem nao sabe, o meu quarto fica por cima da sala 28 (a sala que foi cortada ao meio, em que numa parte está a sala de orgao, e na outra a sala.. 28). Temos 3 beliches, nas três paredes, uma mesa na meio. As malas cabem debaixo dos beliches.

O quarto estava num profundo repouso. A minha cama é o "andar" de cima do beliche que está encostado à parede onde na sala 28 há o quadro. Na cama de baixo dorme o Jorge. No beliche oposto, dorme o Alberto e o Ricardo. No beliche da parede de ligação com a outra sala (neste caso, outro quarto), dorme o Tiago Amaro e o Afonso.

Eu estava deitado de barriga para cima, tinha o mp3 ligado. Nao tinha sono. Resolvi entao levantar-me e dar um passeio pela nossa escola.

Esqueci-me, por momentos, que estava num beliche. E ao tentar sair, cai literalmente no chão. Estantelado no chão, fiz um enorme esforço para nao me desmanchar a rir.

O Alberto grunhiu algo durante o seu sono, como um "Humpf... mas... está.. aí?" e logo a seguir voltou-se para o outro lado da cama. Desta vez tive que por a mao a tapar-me a enorme gargalhada que teimava em sair.

Vesti o robe, sai e lentamente fechei a porta. Antes de descer as escadas, olhei para o placar à minha esquerda: "Limpezas e cozinha" e reparei que o meu nome nao aparecia no dia de amanha, e nao pude deixar de sentir um certo conforto nisso!

Desci as escadas lentamente. Muito lentamente. Imaginei aquelas escadas nas horas de maior afluência.

.. .. Olha, ali vai o Tiago Oliveira. Ah, claro. A Raquel ja está impaciente, coitada... O Grilo? Ah, sim. Vai ter aula com o Armando... ..

E desligando da imaginação, resolvi ir à sala comum, vulgo sala dos alunos. Havia uma luz acesa. Nao me lembrei de quem estava a fazer a vigia. Caminhei lentamente. Encostei a cabeça à entrada.

A Laura dormia profundamente no sofá. Natural. Tinhamos ficado um bocado de "pé-atrás" contra ela retomar já as vigias, mas a vontade era muita. Comprendo..

Tinha a televisão ligada. O comando estava no chão, tinha-o deixado cair. Alguns pacotes de bolachas estavam abertos em cima da mesa.

Pensei em acorda-la, mas ter que subir 2 andares e ainda ir-se deitar, era chato. Principalmente porque nao convinha nada.

Entao, como nao tinha sono, resolvi tomar o atalho das escadas que dao acesso ao bar do primeiro andar, e zás.. outro lance de escadas subido, e estava no meu andar. A zona do bar do primeiro andar equivale ao armazem do andar dos rapazes: onde se guarda tudo o que é geral: num armário, material. Noutro, roupa. Noutro, lençois e almofadas, coisas assim.

Peguei em 2 cobertores, num lençol e numa almofada. Sacudi e tossi. Entao, num ápice pus-me na sala comum.

Laura continuava a dormir profudamente. Sorri. Ela estava a dormir com um sorriso. Engraçado!

Envolvia, entao, primeiro, com um lençol. Depois os dois cobertores, e por ultimo uma almofada. Apaguei a televisao, a luz, e ia preparar-me para voltar ao meu quarto quando tive uma excelente ideia:

Foi à secretária da Dona Lina, tirei um papel e uma caneta. Subi rapidamente ao primeiro andar, para ir ter ao bar. Peguei nas sandes da Panrico, e com cuidado e carinho, fiz duas espectaculares sandes de Nutella. Vasculhei por um tabuleiro. Encontrei. Pus, entao, as duas sandes num prato, acompanhadas por dois sumos de laranja. Uns guardanapos e pronto, estava feito.

Desci as escadas com cuidado. Empurrei a porta da sala comum com o pé, e meio ás cegas pus o tabuleiro em cima da mesa. Ia-me embora quando me lembrei o porque de ter o papel e a caneta no bolso: voltei para trás, acendi a luz do telemovel. Suficiente para escrever em letras garrafais:

"Um pequeno almoço para a melhor Presidente do mundo!".

Trabalho concluido. E ela continuava a dormir profundamente! Puxei-lhe os cobertores que ja teimavam em ficar num emaranhado.

Voltei entao para o meu quarto. Enquanto subia as escadas, ri-me alto.

"Tudo está bem quando acaba bem!", soltei em voz baixa, antes de fechar as luzes do corredor e entrar no meu quarto.

E quando ia a subir para o beliche, voltei a escorregar.

Decidi puxar do meu saco cama e dormir no chao!

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Árduas tardes de trabalho..

Em prol de um certo plano..
Na fotografia: Maria Bayley, André Ferreira e Laura Lopes cá em casa a trabalhar no duro.

[Quem consegue encontrar uma semelhança entre esta fotografia da Bayley e a abaixo postada?]

;P



sábado, 21 de fevereiro de 2009

Melisminha Deprimente de Ultima Hora

Pede-se aos leitores para nao se desmancharem a rir quando virem a Maria da proxima vez!

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Noites passadas no IGL

Eu estava a fazer o turno da noite. Vigiar o IGL era a tarefa, para ter a certeza que durante a noite as coisas nao descambilhavam.

Comecei a ronda. Fui até à sala de coro, professores e a outra, tudo normal. Voltei para dentro. Lá fora fazia um frio de morte.

Na sala de alunos, estava tudo nos conformes. Talvez um pouco dessarumado. Detesto quando nao deixam o comando em cima da televisão. Depois queremos ver o "Mezzo" e tem que se andar a clicar no botao da televisao. O DVD tinha ficado ligado, e o sofá estava cheio de migalhas de pipocas.

Verifiquei quem tinha querido comprar os Graduais Triplex, no placar, e ainda so tinha 4 nomes. Sorri. Mas quem é que nao ia querer aproveitar esta promoção?

Umas partituras estavam soltas em cima da mesa. Peguei. Educação Vocal. Alguem há-de dar conta que desapareceu, pensei.

Sentei-me no sofá, liguei a aparelhagem. Talvez a ronda pudesse esperar mais um pouco. Peguei num cd que tinha perto. "Handel - Organ Concertos". Poderoso. Mas é que é mesmo!

Estava pronto a fechar os olhos, para eu tambem dormir ao som de tao boa musica, quando senti passos no corredor. Levantei-me num àpice. Preparava-me para ralhar. Afinal, nao é permitido andar na parte de baixo depois da hora de deitar, que ja tinha passado à um bom bocado.

Quando sai da sala de alunos, vi uma das miuditas gemeas loiras.

"Beatriz?"
,
perguntei, entre um sorriso e preocupação.

"Não, sou a Leonor, André...",
respondeu-me. Já é costume eu nao as conseguir distinguir.
Cheguei junto dela e baixei-me. Reparei que estava com um bocado de vergonha de falar.

"Entao, Leonor, que se passa?"

"... Nao consigo dormir..."

Suspirei de alivio. Peguei-lhe na mao e levei-a até ao seu dormitório.

"Anda. Eu conto-te uma história.", disse-lhe, enquanto atravessa a cozinha para ir ter às escadas de acesso ao segundo andar.

Entrámos no dormitório das raparigas. Estava tudo a dormir. Ouvia-se uma respiração lenta e calma em cada local.

Deitei-a na cama, puxei-lhe os lençois, enquanto punha uma cadeira ao lado da sua cama.

"Que história é que me vais contar, André?", perguntou com aquele seu ar misterioso.

Olhei em volta. Lembrei-me entao de um truque que costumo usar. Fui até à mesa comum da sala, e procurei por um livro em especial. Encontrei-o.

Voltei e sentei-me.

"Gradual? Mas isso nao é um livro que voces, os grandes, usam para cantar?", perguntou.

Ri-me e nao disse nada. Abri o livro, e fiz um ar de espanto, como se tivesse acabado de encontrar exactamente a história que queria. E entao, no improviso, lancei:

"Era uma vez o Rui. O Rui era um menino como tantos outros. Tinha os seus sonhos, passatempos, aventuras, amigos e amigas. Mas o Rui tinha algo mais: tinha um amiga especial. Falava-lhe todos os dias. Tinham discussoes, muitas vezes! Outras riam-se perdidamente, chegavam a chorar de tanto rir. Eram grandes amigos. Inseparaveis. Um dia, Rui recebeu uma notícia muito triste: a sua amiga ia-se mudar para outra cidade..."

"Porque?",
interrompeu-me a Leonor, com os olhos ja quase a fecharem-se.

"Nao sei, aqui nao diz. Talvez nao fosse importante. O que interessava é que eles iam ficar separados."

"Oh... mas podiam falar por telemovel!"

"Mas quando escreveram esta história ainda nao haviam telemoveis. Mas so ca para nos, essa era uma ideia genial!"

Leonor riu-se. Reconfortou-se um bocado mais. Eu continuei:

"Rui nao desistiu. Nao podia deixar a sua melhor amiga ir embora. Entao, um dos dias antes de a sua amiga partir, foi falar com ela. Foi dizer o quanto gostava dela. O quanto queria ficar com ela..."

"Blergh.. essa história é um bocado lamechas. Mas eles eram amigos ou namorados?"

"Amigos. Foi então que Rui teve uma ideia brilhante. E se ele se mudasse tambem?"

"Os pais deixavam?"


"Acho que sim, aqui nao diz nada! Ora deixa cá ver onde estava.. ah, aqui!... e foi assim, o Rui tambem foi para a outra cidade. Afinal, ele nao se podia separar da Música."


Fiz uma pausa. A história tinha acabado, Leonor estava quase a dormir, mas nao muito convecida da história.

"Esse livro é um bocado rasca..."

"Hum...",
disse eu, enquanto fingia inspecionar a capa, "nem por isso. Daqui a uns anos vais ver que nao!"

E fiz silêncio. Deixei-me ficar ali. Ela continuava com a minha mao dada. Até que deixou de fazer força. E mais uma respiração lenta e calma surgia.

Peguei na cadeira, pu-la no lugar, e pé-ante-pé sai do quarto.

"Boa noite", sussurrei.

Amanha é outro dia. Inseparavel.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Notícia/Melisminha Deprimente 8

Nos momentos de stress da saída do hospital, dia 2 de Fevereiro de 2009 [uma mísera semaninha depois da minha operação] quis tirar uma 'linda' fotografia com a marca na parede da minha antiga altura. O resultado..final.. foi este:
Aquele risquinho ridículo ali à direita à altura da minha testa era a minha altura! No dia 2 estava assim, agora suspeito que continuo a ficar mais pequena.. Como vêem a tez hospitalar é linda de morrer.. mas o melhor.. foi a PRIMEIRA fotografia, este pequeno pânico, ME-DO que aqui podem ver.
Não me perguntem porque é que passei a estrábica e a desdentada, mas eu juro que nao volto a repetir. Hoje..

:) Uma Presidente ainda a recuperar, e com muitas saudades de todos. [Dona Lina, eu prometo que me porto bem!]

Excursão ao Teatro São Carlos

3ªfeira, 17 de Fevereiro de 2009




Um dia diferente para alguns dos alunos do I.G.L..
No contexto da disciplina de História da Música, foi feita uma visita de estudo ao Teatro Nacional São Carlos, com o objectivo de ver a "[Pequena] Flauta Mágica" - adaptação da famosa ópera de W.A.Mozart em português e para crianças.
Assim, a duração do espectáculo foi menor do que seria de esperar. No entanto, a performance tanto da orquestra como dos cantores foi exímia, pelo que a maioria das pessoas ficou agradada.










Depois do espectáculo, tempo para apreciar um gelado.



Edoardo, o leitor de mentes

Meus caros amigos, aqui fica uma lição de vida para todos nós que somos (tentativas frustradas de) estudantes de música...


Estava eu ontem muito bem na minha aula de serrar presunto... hmm, perdão, violoncelo, com o prof. Edoardo Sbaffi, quando ele se sai com esta, sem eu ter sequer falado previamente em qualquer aspecto da minha vida privada:

(favor ler com sotaque italiano charmoso)
"Se estudas 30 vezes a mesma passagem enquanto pensas «Ai que estúpido, já viste o que ele me foi dizer?!» em vez de pensares no que estás a tocar, então o teu cérebro nunca vai mecanizar aquilo que estás a fazer, mais vale pousares o violoncelo e ires ligar ao estúpido!"

Isto é que é um vidente... Qual Professor Chibanga qual quê!

(e curioso, agora a passagem sai muito melhor... eheh)

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Anúncio - Concurso Melismão


Por favor visitem o post do novo Concurso promovido pelo blog da AEIGL:

http://aeigl.blogspot.com/2009/01/melismao-deprimente-o-maior-de-sempre.html

Contribuições são bemvindas!

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Mosteiro de Einsideln - Especial S. Valentim


14 de Fevereiro de 2009

Fontes fidedignas relataram recentemente ao "Mosteiro de Einsideln" que um enredo amoroso algo invulgar está a ocorrer dentro das paredes do IGL.
Segundo estas fontes, a famosa lagartixa habitante nos candeeiros da sala 6 foi vista com o novo piano da sala 18.

Pedimos a um especialista que nos fizesse um retrato-robô de possível filho deste estranho casal. O resultado foi o que se segue.



Se tiverem mais informações, contactem o jornal.

Parabéns... ao Órgão!

É com grande felicidade que a AEIGL deseja um óptimo aniversário ao órgão do IGL, que faz hoje 5 anos!

O magnificente instrumento teve até direito a um bolinho...




...e a vinho do Porto, que os organistas mais avançados não hesitaram em consumir.



[João Carlos, Ricky, Daniel e Andrefe]

Por lapso, o seguinte vídeo não foi incluído na reportagem, mas a AEIGL, pela tremenda qualidade das declarações do entrevistado acerca da alcatifa, achou por bem publicar o vídeo na mesa, assim de fora.

E aqui fica a reportagem d'O Mosteiro de Einsideln:



[BEIJINHO AO ÓRGÃO!]

Audição de Ed. Vocal do Prof. Armando - 16 de Fevereiro de 2008

Uma fotografia, já que nao encontro registo áudio.. Para mais tarde recordar!



[Filipa Macedo, Laura Lopes e Teresa Duarte]

Parabéns.. à nossa MANIFESTAÇÃO!



E se isto já foi dia 8 de Fevereiro de 2008...














... hoje faz um ano desta outra. A maior, a mais importante, em que nós juntámos todos.























Sem comentários.

Requiem de Bomtempo - Aula Magna, Abril 07

Vasculhando no baú, olhem o que eu achei!
CC + OML, sob a direcção de Álvaro Cassuto
Teresa Gardner, Paula Morna Dória, João Rodrigues e Mário Redondo.



Melisminha Deprimente 7




As coisas esquisitas que se passam na sacristia da Sé..
Vampiro - Nuno Atalaia
Donzela em apuros - Laura Lopes
Morto??? - Francisco Moitinho