terça-feira, 8 de junho de 2010

IGL em números

11 anos ainda é muito tempo, caramba. Assim como quem não quer a coisa, ainda é mais de metade da minha vida. E por mais que tente ignorar, aperceber-me de que essa etapa acaba hoje deixa aquela nostalgia... Foleiro, bem sei. Mas 'true!'.

Senão vejamos: ando no Instituto Gregoriano de Lisboa desde 1999. 11 anos, com aproximadamente 39 semanas lectivas cada um. Ora se tivermos em conta que entro todos os dias no IGL pelo menos 2 vezes, e que não tenho tardes livres desde que tenho 12 anos, isso dá 4290 vezes que fiz soar aquela porta, mais coisa menos coisa.

O dobro, se contarmos com as vezes que a porta soou de cada vez que saí das instalações.

O quíntuplo, se contarmos com as idas à Cinderela, à Dona Rosa, ao extinto Capítulo (agora Topo da Avenida), à Caravela (mais recentemente), aos indianos, ao Coisas de Gostar ou até mesmo ao restaurante chinês das Forças Armadas (que foi só uma, prometo).

É muita vez que aquela porta chiou por minha causa. Devo estar a dever não sei quantos litros de óleo à Dona Almerinda.

E, falando nisso, no que toca a pessoas? Foram 5 auxiliares de educação que com toda a certeza relembrarei toda a vida, pelo menos 12 professores, 1 Senhor Viana, não sei quantos mil amigos, 2 namorados, e ainda mais não sei quantos conhecidos ou colegas.

Perdi a conta aos concertos e audições, devem ter sido na boa uns 100.

Um ano de intensa vida gregoriana. [Que envolveu entrar às 8h e sair às 20h. Sala 21, quase todas as manhãs, “porque tem janela para o pátio”. Ir tirar cafés à Nespresso e deixar o dinheiro na bancada, comer sandes de Nutella (marca ‘É’) como se não houvesse amanhã, impingir leites com chocolate a 40 cêntimos aos putos, tomar o pequeno-almoço na sala de alunos, e ir chatear o André (sala 28) ou a Bayley (sala 32) quando não me apetecia estudar.]

3 elaborados vídeos de parabéns, 2 viagens, mais de mil fotografias. Um rap, 2 poemas dedicados a professores, Uma sebenta de História da Música. 5 vestidos pretos, 6 Audições de Alunos, 2 manifestações e aproximadamente 52 meias-doses de hambúrger com ananás no Topo da Avenida.

Uma Associação de Estudantes.

E tudo isto não contando com todas as coisas e pessoas que surgiram por arrasto: a Orquestra Sinfónica Juvenil, o Mus&Caldas, os contactos, os concertos, as paixões, os trabalhos temporários (ou nem tanto)…

Não sei quantas MIL frases feitas (“Está frescócia!”), refeições pré e pós-concerto, noitadas no Bairro Alto, conversas filosóficas sobre o futuro, “amigos forever”, discussões e gargalhadas sonoras, e ainda mais (tantos!) “Não posso, tenho ensaio…”

Mas, fundamentalmente, uma enorme lição de vida.

Como estar em palco, como não ficar nervosa ao apresentar-me em público, como lidar com a frustração de não conseguir, como conciliar o equivalente a 2 empregos ao mesmo tempo sem descurar nenhum dos dois, como incentivar os outros a fazer melhor, como incentivar-me a mim própria.

Como cantar em coro, como cantar a solo sem fazer figuras tristes, como tocar violoncelo. Como dar uns toques no piano, como fazer leituras à primeira vista e ditados rítmicos. Como NÃO fazer quintas paralelas. Como viveu o Mozart, o Mendelssohn ou o Verdi. Ou afinal quem amava a Clara Schumann.

Como não irritar a Dona Helena durante um teste de Canto Gregoriano (já agora: como controlar um ataque de riso a meio de um teste de Canto Gregoriano).

Como explicar que “o IGL não é o Conservatório, mas é equivalente” sem rosnar muito ao interlocutor.

Como explicar que o nº 258 da Av. 5 de Outubro mudou a minha definição de “segunda casa” por completo. (Porque não há sítio onde tenha passado mais tempo, e não há basicamente nada que não tenha feito lá. Aliás, ainda lá tenho uma escova e uma pasta de dentes. A única coisa que não fiz foi dormir uma noite inteira dentro das instalações, mas garanto que já dormi boas horas no sofá que está actualmente na sala de alunos.)

Como explicar à Dona Lina que para o ano não estou por cá, e porquê.

Enfim. 11 anos, resumidos em 723 palavras e 4149 caracteres, que no fundo só querem expressar um enorme muito obrigada.

E, claro, uma ou duas lágrimas reprimidas. Porque isto da nostalgia ainda custa, caramba.

4 comentários:

Anónimo disse...

Viva Anocas, perdoa a intromissão, mas não pude deixar de aqui vir! Olha, sempre achei que eras uma miúda especial e não me enganei! O texto está lindo e eu ainda tenho um nó na garganta... mas vou ao que vim, que é essencialmente, desejar-te uma boa vida.

Muitos Beijinhos
Até sempre
Xana

Unknown disse...

Deixas a escola, mas não os amigos!portanto vê lá se nunca me escreves um texto assim, tá!? ;)
Beijinhos

Filipa disse...

:') so many "tear" and "true"

Jorge F. Rodrigues disse...

a foto consegue transmitir a tua alegria na sala 21.
:)