terça-feira, 8 de junho de 2010

Um, dois, três... oito.


Começo com um ar esperançado: Esperem lá, ainda não é hoje o último dia, ainda há três exames para passar, dois concertos.. Mas.. mas..não.
Estou esquisita na mesma. Um nó na garganta, como quando fico nervosa, ou estou a fazer força para não chorar.
Porque isto afinal está a soar mesmo a último dia.
Se calhar a nossa conversa ao almoço [no Topo, claro, a nossa rotina manteve-se] não ajudou, mas sentirmo-nos antigos em algum lado é uma realidade nova, pelo menos para mim. Pensar que Olá, eu sou a Laura. A Laura, não a Laura Joana, não a Laura de flauta, mas a Laura. Houve um tempo em que era só eu a Laura, ainda és desse tempo? Do tempo em que o Gregoriano ainda era só uma ou duas horas dois dias por semana.. e mais tarde já todos os dias, e depois os dias inteiros. Viver lá, quase. És desse tempo?
Ou sonhar que se vive lá, no terceiro e quarto pisos [um para rapazes, outro para raparigas, por cima da sala 6 é o refeitório, e a despensa ao fundo do terceiro piso], em beliches, com a 'família' Gregoriana.
Dói um bocadinho. Apesar de ser apenas mais uma na estatística [e das estatísticas que se quer, Ensino Articulado de Música, soa bem na papelada] e de terem sido 'apenas' os oito anos regulamentares de quem completa o curso secundário, dói mesmo um bocadinho. Nem sei se é sair em si, ter acabado disciplinas uma a uma, umas com prazer e um nadinha de sorte, e outras com pena, mais um pouco por favor, mas talvez custe mais imaginar voltar a entrar lá [a tal moradia pequenina, não não, aquilo é a Câmara, o Gregoriano é ali] e já não estarmos lá todos, prontos para uma cartada ou simplesmente para estar. Confortavelmente e todos juntos. Porque afinal, tudo faz parte da casa. Cada desenho ilícito no tampo da mesa, cada partitura perdida, até mesmo os mil casacos esquecidos. Tudo faz parte da nossa sala, e da nossa casa. Cada um escolheu o seu cantinho, a sua sala de estudo, mas o nosso último reduto é a sala 10. E tenho medo de já não me sentir em casa lá, daqui por uns tempos.
Mas também é bom. Às vezes olhamos para as novas gerações e pensamos [em voz alta?] que estes vão ser os novos nós. Talvez alguém dos antigos, daqueles a quem chamámos dinossauros, tenha pensado o mesmo. Talvez não, mas acho que ninguém fica indiferente.
E eu que o ano passado pensei compreender as lágrimas da Bayley, mas não percebi nada. Só agora é que sim, um pouco, e parece ser difícil de engolir.
Afinal, acho que ganhámos o estatuto de mobília da casa, a custo, afinal todos tivemos os nossos momentos de pânico.. mas o que é certo é que resistimos, a tal selecção natural de que falava à tarde com o pessoal [hoje o Último Dia foi tema recorrente, em todas as conversas 'cá de casa'] surtiu o efeito de, de repente, estarmos no fim de tudo e tomarmos consciência de como os nossos amigos mudaram desde que entrámos. Somos poucos agora, e já ver sair o ano passado alguns de nós foi tão estranho, agora seguir outro grupo em frente parece impossível. Vamos transferir o Topo para a ESML? Ou para Haia? Ou talvez para Évora? Não sei. Só sei que continuo com medo, desta vez de entrar para uma 'casa' nova.. em que não sou Presidente da Direcção da AEIGL, não tenho 'as minhas pessoas', a minha base, o meu Ensemble e até a D. Lina para me ralhar de manhã.
Estamos de malas aviadas, só falta um diploma para a mudança de 'casa'. E as mudanças assustam.

Já estou cheia de saudades. Afinal, a culpa do meu futuro é vossa. Vossa, IGL e todas as pessoas e coisas que estão lá [cá] dentro.

Bem, vou só ali à Caravela, alguém quer vir?

3 comentários:

Filipa disse...

Mim :')

Jorge F. Rodrigues disse...

Obrigado pelo teu dinamismo. Obrigado pela tua dedicação.
*

baGa disse...

pede-me um pastel de nata e um UCAL ao sr. zé, que eu tou a chegar :)