(Em homenagem ao Professor Alberto, de Latim, que durante mais de duas decadas leccionou no IGL. Sabia o amor que tinhamos a esta casa. Talvez como ninguem.)
Gostaria primeiro de salientar que ja odiei profudamente o IGL. Isto para tornar bem explicito que a razao pela qual eu gosto do Gregoriano é fundamentada e nao irracional.
Foram 9 anos. Ha 9 anos atras, esta casa (a minha,mesmo) nao existia, a minha escola era outra, nao tinha barba. Nao sabia tocar com as duas maos, e achava que queria ser meteorologista. Nao sabia o que era a internet (nao muito bem). O Cristiano Ronaldo era um puto como eu, e o Jesus nao imaginava que iria treinar o Benfica. As Torres Gemeas ainda nao tinham caido, e Barack Obama nao era alguem que se conhecesse minimamente.
O IGL construiu-me como pessoa. E sim, musicalmente e profissionalmente, sou totalmente um exemplo moldado pelo Gregoriano. E um grande obrigado por isso: sinto que estou preparado para a nova etapa que se avizinha.
Comecei do zero. Comecei sem saber o que era uma clave de fá. Hoje sou organista nos Jerónimos.
Episódios? Ajeito-me na cadeira, tal como uma entrevista de televisao. Faço uma pausa, relembro, sorrio e digo: "Sim, imensos".
Afinal, o que fica destes 9 anos? Acho que a Ana disse muita coisa que é verdade: soube-nos preparar para a musica. Ou pelo menos, para o inicio daquilo que pretendemos tornar profissional.
A nostalgia ainda nao me assolou totalmemte, confesso. Nao me esqueço que ainda tenho o maior desafio para fazer, para a semana: Exame final de 8º grau de orgao. O mais interessante é que nao é cumprir calendario, nem mais um "simples exame"... é O exame.
Durante aprox 1 hora vou estar a mostrar como fui moldado à imagem do Gregoriano. Porque gostamos de tocar. Porque temos realmente prazer em partilhar com quem nos rodeia essas notas que fomos descobrindo.
Mas.. e chegar ate la? Muito trabalho. Muitas horas de estudo. Muitos precalços. Muitas aventuras:
Escócia '09
Bremen '09
Holanda '10 - Parte 1, a descoberta
Holanda '10 - Parte 2, a decisão
E quando soube que havia sido admitido no Conservatório Real de Haia, e tive que esperar pelo prof, esperei na Igreja. O sol era grande, e as janelas enormes que cobiram a Igreja enchiam-na num brilho magnifico.
Sozinho, abri os braços, tal como um jogador que marca o golo da vitória.
Abracei entao, com enorme sorriso, a Laura, a Ana e a Maria. Corri e saltei, salto com o Tiagao. O Alberto e o Jorge esperavam com grande sorriso. A Rita soltava "ja sabia!", e a Teresa brilhava com o seu olhar. O Francisco abraçou-me, e a Filipa apenas disse convictamente: "Mega!". O Afonso sorriu com o Zé, e perguntaram "A banana fez efeito?". O Ricardo pegou-me ao colo, tal a força. A Ché disse-me "és bué", e eu retribui. O Tiago Oliveira fez uma simples vénia e eu, claro, disse que quem sabia era o "Mestre".
A Igreja continuava vazia. Alguem que la entrasse poderia jurar que era so eu que la estava, mas nao. A Igreja estava cheia. Cheia de Gregorianos. Porque se hoje sou alguem musicalmente, foi porque tambem os vi tocar, os vi exprimirem-se e tambem aprendi algo com isso. Partilhamos alegrias e tristezas.
Páginas na historia do IGL? De certo que nao fechámos o livro, mas ajudámos a preencher boa parte: fundámos a AEIGL. Fizemos 0127152622398785 coisas, algumas nao pouco visiveis, outras talvez apenas um arranhao nalguma mesa, mas de certo que ha imensas que sempre duraram e poderemos encontrar quando la voltarmos, um dia.
9 anos que, de certeza, nao chegam ao fim aqui. Apenas deixo de ter aulas. Bom, passei mais tempo a estudar do que a ter aulas, portanto (fingindo nao ser nada de grave) é apenas uma etapa.
As memórias continuam. E vao-se prolongar. Eu creio que sim.
3 comentários:
:') (porque as vezes acho que nao e preciso dizer nada...)
Vais fazer tanta falta. Mas ao mesmo tempo fico feliz por teres chegado onde chegaste. Obrigado.
não é mesuravel. não és..
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